quinta-feira, outubro 18, 2007

A semana do corvo: Betty, a desenrascada

Eis aqui um selo da Nova Caledónia com uma uma imagem do animal emblemático da ilha o Corvus moneduloides. No selo podem ver exemplos das ferramentas que os corvos neocaledónicos produzem a partir de folhas. Estes animais são capazes de coisas fantásticas que indiciam capacidades cognitivas elevadas, e hoje vou mostrar um dos exemplos mais espantosos, relacionado com um corvo fêmea, a Betty, de que falei nas duas contribuições anteriores. Como referi na última contribuição, a Betty tinha um parceiro com mau feitio, o Abel. Um dia os investigadores que trabalhavam com estes dois corvos colocaram-nos frente a uma experiência em que, para obterem a sua comida favorita, pedacinhos de coração de porco, tinham que puxar um pequeno balde, tendo de escolher entre duas ferramentas de arame: uma direita, outra em forma de gancho. Ora o Abel fugiu com o gancho mas a Betty não se atrapalhou, mesmo nunca tendo visto arame antes desta experiência, soube o que fazer. [... ler mais]

O artigo onde o comportamento da Betty é descrito é da autoria de Alex A. S. Weir, Jackie Chappell e Alex Kacelnik e foi publicado na revista Science (ref1). Desta vez nem vou traduzir o resumo, é que não são precisas palavras basta ver o filme:

A Betty tenta umas quantas vezes com o arame direito, não consegue puxar o balde, e então decide fazer um gancho. Os corvos fazem ganchos na natureza mas não desta maneira. Frente a uma ferramenta com a forma errada e um material pouco familiar a Betty não se atrapalhou, improvisou e lá conseguiu a sua recompensa.

Ficha técnica
Imagem do selo via Wikimedia Commons.

Referências
(ref1) Alex A. S. Weir, Jackie Chappell, and Alex Kacelnik (2002). Shaping of Hooks in New Caledonian Crows. Science, Vol. 297. no. 5583, p. 981. DOI: 10.1126/science.1073433

1 comentários:

José Gustavo Vieira Adler disse...

Bem, li um artigo que revela um outro comportamento tão ou mais complexo:
VISSER, I. N.; et all. Antarctic peninsula killer whales (Orcinus orca) hunt seals
and a penguin on floating ice. Marine Mammal Science, 24(1): 225–234 ( January 2008).

é Claro que foram poucas avistagens, 6, onde cinco eram pinípedes e um pinguins. Dessas uma fora registrado por meio de camera de vídeo.

Assim fica difícil saber se tal comportamento é único de um grupo ou se é compartilhado por todas as orcas do tipo B. Porém creio ser sim um comportamento cultural cooperativo, uma vez que as orcas, como os Tursiops, são animais que apresentam grandes variedades de comportamento, onde cada grupo pode apresentar comportamentos diferentes de outros grupos de mesma área geográfica e mesmo tipo (quanto as Orcas). A lembrar as orcas da Argentina que tem uma tática peculiar de caçar leões marinhos e elefantes marinhos no raso.