terça-feira, janeiro 31, 2006

Sobre a inteligência dos miúdos britânicos

Esta história no Times Online é no mínimo curiosa. De acordo com um investigador que estudou cerca de 25000 crianças no Reino Unido a inteligência dos miúdos com 11 anos caiu o equivalente a 3 anos nos últimos três decénios. [... ler mais]

Um dos testes aplicado era relativamente simples. A água contida num recipiente estreito e alto, completamente cheio, era despejada num recipiente largo mais baixo, em frente à criança. Em seguida o recipiente estreito era enchido novamente e perguntava-se à criança se ambos os recipientes continham o mesmo volume água ou não. Outro teste consistia em perguntar às crianças qual de duas esferas com o mesmo volume, uma de latão, outra de plasticina, deslocaria o maior volume de líquido se colocada num recipiente com água. Este tipo de testes são uma medida directa da inteligência, que, ao contrário dos programas escolares, que mudam todos os anos, pode ser comparada ao longo do tempo. Os testes tinham tinha sido feitos a crianças em 1976, e um terço dos rapazes e um quarto das meninas tiveram pontuações elevadas. Em 2004 apenas 6% dos rapazes e 5% das meninas tiveram pontuações equivalentes.

Gostaria de ver testes semelhantes feitos às crianças portuguesas, ou pelo menos aos nossos políticos. Não deixa de ser irónico que, depois de todas as "melhorias" introduzidas no sistema educativo, a escola torne os alunos piores do que eram há 30 anos. De qualquer forma o resultado pode não ser tão preocupante como parece, não se sabe o que isto significa em relação a essas crianças como futuros adultos.

Nota (1 Fev 2006): John Hawks também discute este artigo. No artigo os autores do estudo "ilibam" a escola da responsabilidade do descalabro e atribuem-na sobretudo aos novos hábitos das crianças que largaram os brinquedos tradicionais pelos jogos de computador. John Hawks considera que é mais provável que se deva de facto à falta de acompanhamento escolar. Pessoalmente acho que se a troca dos brinquedos for a razão para a queda de inteligência então o papel da escola na formação das crianças é posto ainda mais em questão.

domingo, janeiro 29, 2006

O lado sombrio da energia limpa

As turbinas eólicas têm vindo a instalar-se na paisagem portuguesa e perspectiva-se que num futuro próximo o seu número aumente de forma avassaladora. O objectivo das turbinas é louvável: produzir energia limpa, diminuindo a dependência dos combustíveis fósseis, que a maioria da comunidade científica associa ao aquecimento global. [... ler mais]

O aquecimento global pode vir a ter consequências devastadoras nos ecossistemas e um dos objectivos das energias renováveis é proteger a vida selvagem. Ora é esse aspecto que não tem sido devidamente acautelado na instalação das turbinas eólicas, e mais um exemplo desastroso acaba de ser noticiado. Notícias em inglês podem ser encontradas aqui e aqui.

Quatro águias de cauda branca foram encontradas mortas no parque eólico de Smola, situada nalgumas ilhas remotas da Noruega. A causa da morte foram as turbinas, duas águias estavam mesmo cortadas ao meio. O mais preocupante é que mais 30 águias não voltaram aos seu locais de nidificação.

Muitos dos grupos que defendem a instalação das turbinas têm minimizado o possível impacto negativo sobre as aves. Como se pode ver neste exemplo esse não é o caso. A questão é até que ponto o governo português considerou a questão antes de investir dinheiro público nestas coisas. Não faz sentido apresentar algo como amigo do ambiente quando essa coisa pode ter custos elevados na vida animal.


sábado, janeiro 28, 2006

Um flagelo da antiguidade.

No segundo ano da Guerra do Peloponeso (430 AC) a cidade de Atenas foi atingida por uma praga devastadora que voltou a atacar em 429 AC e 427 AC. Calcula-se que entre 25 a 30% da população da cidade tenha morrido. Entre as vítimas encontrava-se o famoso estadista Péricles. O historiador Tucídides, que contraiu a doença, descreve-a em detalhe. [... ler mais]

Reproduzem-se abaixo os pormenores arrepiantes numa tradução livre da Guerra do Peloponeso de Tucídides, cuja versão inglesa se encontra no projecto Gutemberg. Faço notar que os números do capítulo não correspondem aos que são dados noutras versões.

Livro II Capítulo VII

Como regra, contudo, não havia causa aparente; mas pessoas saudáveis eram subitamente atacadas por calores na cabeça, vermelhidão e inflamação nos olhos, as partes interiores, tais como a garganta e a língua tornavam-se sangrentas e emitiam um hálito fétido e não natural.

Este sintomas eram seguidos por espirros e rouquidão, após os quais a dor atingia o peito e produzia uma tosse profunda. Quando se fixava no estômago, perturbava-o; e seguia-se descargas da bilís de toda a espécie conhecida pelos médicos, acompanhada por uma grande inquietação.

Na maioria dos casos seguia-se um vómito sem resultados, produzindo espasmos violentos, que nalguns casos cessavam pouco depois, noutros muito mais tarde

Externamente o corpo não era muito quente ao toque, nem pálido na aparência, mas avermelhado, lívido, e coberto por pequenas pústulas e úlceras. Mas internamente queimava de forma que o paciente não suportava roupa ou coberturas mesmo do tipo mais leve; ou de facto estar de outra forma que não completamente nu. O que eles teriam preferido teria sido atirarem-se para água fria; tal como aconteceu com alguns dos doentes negligenciados, que mergulhaream em tanques com água da chuva na sua agonia de sede insaciável; apesar de não não fazer diferença se bebiam muito ou pouco.

Para além disso, o sentimento miserável de não ser capaz de descansar ou dormir nunca cessava de os atormentar. O corpo contudo não se degradava enquanto a enfermidade estava no apogeu, mas aguentava-se maravilhosamente contra as depredações; pelo que quando sucumbiam, tal como na maioria dos caso, no sétimo ou oitavo dia à inflamação interna, ainda tinham alguma força neles. Mas se ultrapassassem este estádio, e a doença descesse mais nas entranhas, induzindo uma ulceração violenta acompanhada por diarreia severa, isto trazia uma fraqueza que era geralmente fatal.

Pois a desordem instalava-se primeiro na cabeça, seguia o seu curso a partir daí através do corpo todo, e mesmo quando não se asseverava mortal, deixava à mesma a sua marca nas extremidades; pois instalava-se nas partes privadas, nos dedos das mãos e pés, e muitos escapavam com a perda destes, alguns também com a dos olhos. Outros ainda eram afectados por uma completa perda de memória aquando da recuperação e não se reconheciam a si mesmos ou aos seus amigos.
Para além dos sintomas da doença, Tucídides descreve ainda o colapso total da sociedade, num cenário em tudo semelhante ao de outras pragas da história tais como a peste negra. Os sintomas da doença não indentificam um culpado claro e muitos agentes patogénicos foram implicados nesta praga: beste bubónica, febre amarela, malária, ébola, gripe, varíola, tifo, para citar apenas alguns.

Tal como os espectadores das várias séries do CSI que dão na televisão sabem, um cadáver e ADN são muitas vezes suficientes para um descobrir o culpado. Um conjunto de investigadores liderado por Manolis J. Papagrigorakisa acaba de publicar um artigo no International Journal of Infectious Diseases que faz de facto lembrar os especialistas forenses das séries de televisão. Numa adaptação livre do resumo:

Até recentemente, na ausência de evidência microbiológica directa, a causa da Praga de Atenas permaneceu um tópico de debate ente os cientistas que se baseavam apenas na narração de Tucídides para estabelecerem os vários diagnósticos possíveis. Uma vala comum, escavada no antigo cimetério de Atenas, o Kerameikos, e datada da época da praga (cerca de 430 AC), providenciou o material ósseo necessário para investigar o ADN microbial.

As valas comuns não eram usuais na Grécia e o estado dos corpos aponta de facto para morte por doença. Mas apesar de tudo os corpos têm cerca de 2500 anos, o tecido muscular decaiu completamente, o esqueleto foi contaminado por toda a espécie de organismos existentes no solo. Onde é que os cientistas poderão extrair o ADN que necessitam, e sobretudo como é que podem confiar naquilo que vão obter?

Método: A polpa dos dentes foi o material escolhido, pois sabe-se ser uma fonte ideal de ADN de microorganismos patogénico antigos devido à sua boa vascularização, durabilidade e esterilidade natural.

Os cientistas testaram então o ADN contido na polpa de 3 dentes retirados de alguns esqueletos com o ADN de 6 agentes patogénicos modernos: peste (Yersinia pestis), tifo (Rickettsia prowazekii), antraz (Bacillus anthracis), tuberculose (Mycobacterium tuberculosis), varíola das vacas (um vírus), doença da arranhadura do gato (Bartonella henselae), e febre tifóide (Salmonella enterica serovar Typhi). Os investigadores apenas detectaram o agente causador da febre tifóide, que se mostra na imagem ao lado. Embora existam ainda algumas arestas por limar (o gene detectado apresentou apenas 93% de semelhanças) não deixa de ser impressionante ter descoberto nos dentes destas infelizes vítimas da praga uma cápsula do tempo que nos permite resolver um mistério do passado.



Referências
(ref1) Christos Yapijakisb, Philippos N. Synodinosa and Effie Baziotopoulou-Valavanic(2006). DNA examination of ancient dental pulp incriminates typhoid fever as a probable cause of the Plague of Athens. Manolis J. Papagrigorakisa, International Journal of Infectious Diseases. Laço DOI

sexta-feira, janeiro 27, 2006

O crocodilo que imita o dinossauro que imita a avestruz.

Todos aqueles que viram o filme Parque Jurássico se recordarão da cena em que o paleontólogo e as crianças se escondem por trás de um tronco enquanto o Tiranossaurus rex persegue um bando de dinossauros que se assemelham a avestruzes. Os cientistas acabam de descobrir animais semelhantes aos dinossauros avestruzes, só que estes animais viveram cerca de 80 milhões antes, e não são dinossauros mas sim parentes dos crocodilos. [...ler mais]

A criatura chama-se Effigia okeeffeae, e é descrita por Nesbitt e Norell nos Proceedings of the Royal Society B (ref1). Numa tradução livre do resumo do artigo:

Os arcossauros existentes englobam as aves (dinossauros) e os crocodilos (suchianos). A diversidade morfológica das aves e dos restantes dinossauros é imensa e bem documentada. Suchia, o grupo de arcossauros que inclui os crocodilos é em geral considerado como mais conservador. Aqui descrevemos um arcossauro suchiano, do fim do Triásico, com características altamente especializadas e pouco usuais, que são convergentes com os dinossauros ornitomimídeos. Algumas características derivadas do crânio e do esqueleto post-craniano são idênticas às condições observadas nos ornitomimídeos. Tais casos de convergência extrema em múltiplas regiões do esqueleto em dois grupos de vertebrados relacionados de forma tão distante são raros. Isto sugere que estes arcossauros mostram padrões iterativos de evolução morfológica. Também sugere que este grupo de suchianos ocupava a zona adaptativa ocupada pelos ornitomimídeos mais tarde no Mesozóico.

As partes a negrito são destaque meu. Os arcossauros englobam as aves e os crocodilos e parentes extintos de ambos (dinossauros por exemplo). Na verdade, em termos evolutivos as aves e crocodilos partilham um antepassado comum que é muito mais recente do que o antepassado comum mais recente que partilham com lagartos por exemplo. Isto pode parecer estranho, pois ainda existe o hábito de separar as aves do répteis mas incluir os crocodilos como répteis. Actualmente a maioria dos autores considera as aves como répteis e que as aves e crocodilos são os parente vivos mais próximos uns dos outros. Por outro lado, as aves são dinossauros, pertencem a um grupo de dinossauros carnívoros que inclui entre outros o Tiranossaurus rex.

O animal que foi descoberto apresenta características na região do tornozelo e calcanhar que o identificam claramente como um parente próximo dos crocodilos e não como um dinossauro. Os crocodilos primitivos, os suchianos, eram na verdade um grupo de animais algo diferente dos crocodilos a que estamos habituados. Alguns deles faziam lembrar um galgo com uma cabeça de crocodilo. A descoberta do Effigia mostra que a variedade de formas que podiam assumir era no entanto muito mais variada do que se pensava até aqui. Na verdade, o esqueleto mostrou que muitos fósseis que se julgava serem dinossauros eram na verdade suchianos. O que torna este esqueleto especial é que é quase completo, em particular nas articulações dos membros inferiores, que permitem distinguir facilmente os suchianos dos dinossauros.

O que é realmente espantoso neste animal são as semelhanças com um grupo de animais que iria surgir 80 milhões de anos depois, sem relações directas de parentesco. Na verdade, se pensarmos bem são as avestruzes que imitam os ornitomimídeos que por sua vez imitam o Effigia. Uma reconstrução da autoria do artista Sean Murtha pode ser encontrada no blog de Carl Zimmer, o Loom.

Referências
(ref1) Extreme convergence in the body plans of an early suchian (Archosauria) and ornithomimid dinosaurs (Theropoda). Sterling J. Nesbitt and Mark A. Norell, 2006. Proc. R. Soc. B, Laço DOI.

quinta-feira, janeiro 26, 2006

O pequeno Paedocypris.

O mais pequeno dos vertebrados foi descoberto no sudoeste asiático. Trata-se de um peixe miniatura: uma fêmea que continha 50 ovos, logo sexualmente madura, media apenas 7.9 mm de comprimento. [... ler mais]

É sempre empolgante descobrir novas espécies de animais, mas não deixa de ser deprimente saber que muitas dessas espécies irão desaparecer em breve. Infelizmente para este pequeno peixe translúcido a destruição do seu habitat pelos seres humanos não augura um futuro risonho.

Referência
Paedocypris, a new genus of Southeast Asian cyprinid fish with a remarkable sexual dimorphism, comprises the world's smallest vertebrate. Maurice Kottelat, Ralf Britz, Tan Heok Hui, Kai-Erik Witte, 2006. Proceedings of the Royal Society B, DOI:10.1098/rspb.2005.3419.

quarta-feira, janeiro 25, 2006

A culpa não é minha, o parasita obrigou-me!

De volta aos verdadeiros donos deste planeta, os parasitas. A imagem ao lado mostra o Toxoplasma gondii, um dos parasitas mais comuns nos seres humanos, que possivelmente infecta mais de metade da humanidade. [... ler mais]

O toxoplasma tem um ciclo de vida relativamente simples, passando de forma cíclica de ratos para gatos. No entanto, pode infectar um grande número de criaturas de sangue quente, incluindo gado e humanos. Os seres humanos podem contrair o toxoplasma através de contacto com excrementos de gato, água ou solo infectados, mas também através da ingestão de carne mal cozinhada. Tal como muitos outros parasitas o toxoplasma manipula o comportamento dos seus hospedeitos. Nos ratos, por exemplo, fá-los perder o medo natural pelos gatos. Isto faz sentido pois é no melhor interesse do parasita que os ratos infectados sejam consumidos pelos gatos para poderem completar o seu ciclo de vida. De facto, é apenas nas células do intestino delgado dos gatos que o toxoplasma manifesta a sua fase sexuada e produz oocistos expelidos nas fezes, e que por sua vez irão infectar novos ratos.

Fazer com que os ratos adoptem comportamentos de risco não é particularmente digno de nota, o inquietante é o facto de uma grande percentagem de seres humanos alojar o toxoplasma no seu cérebro. Afinal, os seres humanos não são muito diferentes dos ratos e se o parasita manieta os ratos o que fará nos seres humanos? Alguns estudos mostram que os homens infectados com toxoplasma são mais agressivos e desconfiados, enquanto as mulheres pelo contrário são mais sociáveis e promíscuas. Mas as alterações de comportamento podem incluir mesmo doenças do foro psíquico. Recentemente, num artigo publicado nos Procedings of the Royal Society B (ref1), uma equipa de investigação liderada por Joanne Webster encontrou evidência de uma ligação entre o toxoplasma e um risco acrescido de esquizofrenia. Os autores mostram-se no entanto cautelosos, a infecção com Toxoplasma gondii explicara apenas uma parte dos casos de esquizofrenia.

Na verdade a ligação entre a esquizofrenia e o toxoplasma foi mostrada de forma inversa. Quando os investigadores deram a ratos infectados pelo toxoplasma medicamentos utilizados para o tratamento da esquizofrenia verificaram que as drogas reduziram os comportamentos suicidas que levavam os ratos a ignorar os perigos representados pelos gatos. A hipótese avançada pelos investigadores é que as drogas anti-psicóticas inibem de alguma forma a actividade dos parasitas. Na sequência destes resultados os investigadores iniciaram outra linha de pesquisa, que consiste em incluir no tratamento da esquizofrenia medicamentos que combatem o toxoplasma.

A ideia de que parasitas possam estar a manipular o meu cérebro, a levar-me a adoptar certos comportamentos em detrimento de outros é algo em que nunca tinha pensado antes. É realmente algo de assustador e que para já me leva a não querer gatos em casa (embora grande parte das infecções se deva de facto a carne mal cozinhada).

Referências
(ref1) J.P. Webster, P.H.L. Lamberton, C.A. Donnelly, E.F. Torrey (2006). Parasites as causative agents of human affective disorders? The impact of anti-psychotic, mood-stabilizer and anti-parasite medication on Toxoplasma gondii's ability to alter host behaviour. Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences, Volume 273, Number 1589, 1023 - 1030. Laço DOI.

domingo, janeiro 01, 2006

Olduvai George e os últimos 65 milhões de anos

A ilustração científica ligada à paleontologia está bem representada na Internet, sobretudo no que se refere aos dinossauros. A explosão dos mamíferos que se seguiu à quase-extinção dos dinossauros (ficaram as aves) era no entanto uma espécie de parente pobre. As coisas mudaram recentemente com o aparecimento de um blogue verdadeiramente extraordinário, o Olduvai George, que, aproximadamente a cada duas semanas, nos brinda com a reconstituição de algum mamífero desaparecido milhões de anos atrás. O entelodonte que aparece no cabeçalho da página só de si merece uma visita, mas a minha favorita é criança com um hienodonte, Karianne's pet. A família Hyaenodontidae era um dos grupos em que se dividia a ordem de mamíferos predadores já extintos chamados creodontes. O animalzinho em Karianne's pet tem um crânio de 65 cm. O blogue é da responsabilidade de Carl Buell, e merece ser visitado regularmente. Na mesma página em que se encontra o "cãozinho" da Karianne pode ver-se um australopiteco a beber cerveja e mais entelodontes. Noutras páginas podem encontrar-se elefantes já extintos com 4 presas, mamutes, preguiças terrícolas, e um parente do tigre dentes de sabre com dentes muito mais afiados, o gato-cimitarra.