terça-feira, janeiro 29, 2008

Os medos dos elefantes


Existe um animal chamado Elefante que não tem nenhum desejo de copular.

É assim que, no mesmo bestiário do século XII, de que falei na contribuição anterior, se inicia a parte relativa aos hábitos dos elefantes. Os bestiários eram mais do que a simples descrição do comportamento dos animais, faziam paralelos entre o comportamento animal e a concepção do mundo que se possuía na época, ligada às Escrituras. Não surpreende assim que se estabeleça um paralelismo, entre os hábitos sexuais dos elefantes, e a história de Adão e Eva no Génesis. Os elefantes, macho e fêmea, quando queriam uma cria, deslocar-se-iam para oriente, para o Paraíso, onde comeriam da árvore Mandrágora, cedendo então aos prazeres da carne, e concebendo de imediato. Estranhamente, na época, julgava-se que os elefantes não tinham joelhos, e que copulavam costas com costas, uma suposição que vinha do tempo dos autores gregos da época clássica. No bestiário ficamos também a saber que, se o Elefante não tem problemas em enfrentar um touro, por outro lado tem medo dos ratos. Pois é, aquela imagem do elefante em pânico ao ver um rato, típica dos desenhos animados, afinal tem mais de 800 anos. Curiosamente, pode existir um fundo de verdade na história. [... ler mais]

O suposto medo dos ratos é tratado num episódio dos Caçadores de Mitos (Mythbusters), que fizeram uma experiência envolvendo um ratinho branco, um esconderijo feito de excremento de elefante, e dois elefantes num cenário natural:



Notem que o Adam e o Jamie fizeram mesmo uma experiência de controlo sem o rato, mostrando que não foram nem os fios, nem o monte de excremento a saltar, que assustaram os elefantes. Foi mesmo o ratinho. Deve notar-se que, embora isto signifique que seja possível que o mito tenha a sua base num comportamento real, os elefantes não têm realmente medo de ratos. Aquilo é sobretudo cautela com uma criatura, possivelmente barulhenta, que surge de repente no meio do caminho. Os elefantes nos zoológicos, e nos circos, convivem de perto com ratos e ratazanas, e não lhes prestam grande atenção.

Ficha técnica
Imagem retirada da referência abaixo.

Referências
The book of beasts. Editor Terence Hanbury White. New York: Putnam, 1960. Páginas na Universidade de Wisconsin.

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