quinta-feira, março 16, 2006

Mais um pequeno dinossauro

Os restos fossilizados que se mostram acima pertencem a uma nova espécie, descoberta recentemente e descrita na Nature (ref1), por Ursula B. Göhlich e Luis M. Chiappe. Uma reconstituição do aspecto da criatura, baptizada Juravenator starki, da autoria da artista Stephanie Abramowicz, pode ser encontrada aqui, cortesia do PaleoBlog. Trata-se do fóssil mais completo de um dinossauro jamais encontrado na Europa. Quando comparado com outros dinossauros, como o espinossauro ou o tricerátopo, de que falámos aqui no Cais de Gaia, a criatura é pequeníssima. Notem bem a marca preta no canto superior esquerdo da imagem que corresponde a 5 centímetros. [... ler mais]

Numa tradução livre do resumo do artigo:

Pequenos dinossauros terópodes do Jurássico Tardio são raros em todo o mundo. Na Europa estes dinossauros carnívoros são representados essencialmente por apenas dois esqueletos de Compsognathus, nenhum dos quais se encontra bem preservado. Descrevemos aqui um pequeno dinossauro terópode do Jurássico Tardio de Schamhaupten no sul da Alemanha. Extraordinariamente bem preservado, e completo do focinho até ao terço distal da cauda, o novo fóssil é o mais bem preservado dinossauro predador não-aviano da Europa.
O "não-aviano" aqui é apenas para dizer que não se trata de uma ave. A maioria dos paleontólogos de vertebrados acredita que as aves são dinossauros, os únicos membros do grupo que sobreviveram à extinção 65 milhões de anos atrás. Continuando:
Possui uma série de características que apoiam a sua identificação como um celurossário basal. Uma análise cladística indica que a nova espécie é mais próxima dos maniraptorianos que dos tiranossauróides, agrupando-a com exemplares considerados como compsognatídeos.
Ou seja, não era um parente próximo do tiranossauro, encontrava-se mais próximo de animais que se assemelhavam aos compsognatídeos, os pequenos dinossauros que atacavam uma miudita no início do segundo filme do Parque Jurássico, o Mundo Perdido. Um das características deste fóssil é que preserva parte da pele da cauda.


Isso pode ver-se na imagem acima, tirada com exposição a luz ultravioleta. Ora essa pele mostra escamas. Os autores notam a esse propósito:
Grandes porções de integumento estão preservadas ao longo da cauda. A ausência de penas ou estruturas plumosas num fóssil filogeneticamente aninhado com dinossauros terópodes com penas indica que a evolução destas estruturas integumentares pode ser mais complexa do que anteriormente pensado.
O dinossauro terópode com estruturas plumosas de que os autores falam é o Sinosauropteryx prima, também um compsognatídeo. Uma maravilhosa reconstituição desse animal, da autoria de Luis Rey, pode ser encontrada aqui. O corpo desse animal encontrava-se em grande parte coberto por uma espécie de penugem. O Juravenator não apresenta nem penas nem quaisquer indícios de penugem na cauda. Quer os autores do artigo, quer a maioria dos comunicaods que sairam na imprensa, pensam que isso é importante, e que nos deve levar a repensar a origem das penas nos dinossauros. Eu confesso que me parece mais querer arranjar alguma polémica para "apimentar" a notícia. Nenhum integumento foi recuperado para o resto do corpo, logo a única coisa que sabemos é que o Juravenator tinha escamas na cauda.

Referências
(ref1) Ursula B. Göhlich and Luis M. Chiappe (2006). A new carnivorous dinosaur from the Late Jurassic Solnhofen archipelago. Nature 440, 329-332 (16 March 2006). Laço DOI.

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