domingo, novembro 18, 2007

As libelinhas emissoras de rádio

O estudo sobre as câmaras dos corvos da Nova Caledónia recordou-me outro avanço na monitorização de pequenas criaturas voadoras. Colocar câmaras de 14 gramas numa ave com um peso de umas quantas centenas de gramas pode parecer notável. Mas e quando o objecto de estudo pesa apenas cerca de um grama? Bem, nesse caso precisamos apenas de um cientista, de um tubo de cola e do último grito em miniaturização electrónica. A libélula da imagem, da espécie Anax junius, carrega um emissor com cerca de 300 miligramas com autonomia para cerca de 12 dias. Não fornece imagens mas emite um sinal que permite localizar o animal. O peso do dispositivo electrónico é cerca de um terço do peso do insecto, mas as libelinhas são criaturas fortes. São capazes de carregar presas muito mais pesadas que este emissor e, durante o acasalamento, os machos transportam as fêmeas sem grandes problemas. As libelinhas carregaram estes emissores rádio como parte de um estudo sobre os seus hábitos migratórios. Pois é, tal como muitas aves, algumas libélulas emigram para climas mais soalheiros quando se aproximam os períodos de frio.[... ler mais]

O comportamento migratório das libélulas de Nova Jérsia (EUA) é descrito num artigo de Martin Wikelski e colegas na revista Biology Letters (ref1). Numa tradução livre do resumo:

Todos os anos milhares de milhões de borboleta, libelinhas, mariposas e outros insectos migram através dos continentes, e tem sido feito um progresso considerável na compreensão de fenómenos migratórios ao nível da população. Contudo, sabe-se pouco quanto aos destinos e às estratégias individuais dos insectos. Colocámos emissores rádio miniaturizados (cerca de 300 miligramas) no tórax de 14 libélulas (Anax junius) e seguimo-las durante a sua migração outonal durante doze dias, usando eviões Cessna equipados como receptores, e equipas de terra. As libélulas mostraram dias de migração e de paragem distintos. Em média, migraram a cada 2.9±0.3 dias, e o seu avanço médio total foi de 58±11km em 6.1±0.9 dias (11.9±2.8 km por dia) numa direcção geralmente de sudoeste (186±52°).

Deve notar-se que este progresso de cerca de 12 km dia não é nada de notável para animais que conseguem voar a 5 metros por segundo. Os autores fornecem no texto alguns valores interessantes: uma libélula possui reservas de gordura em torno de 300 miligramas, que lhe permitiriam voar cerca de 8.3 horas, o que daria cerca de 150 km. As libélulas optam contudo por não gastarem demasiado, voam durante períodos curtos e mantêm sempre alguma gordura no corpo. Mesmo assim, um avanço desta ordem significa que estes animais fazem cerca de 700 km durante os dois meses que dura a estação migratória nestas libélulas.

O mais notável é que o padrão destas migrações é semelhante ao observado em animais muito diferentes:
Migraram exclusivamente durante o dia, quando as velocidades do vento eram inferiores a 25 km por hora, independentemente da direcção do vento, mas apenas após duas noites de temperaturas mais baixas (redução de 2.1±0.6°C na temperatura mínima). Os padrões migratórios e as regras de decisão aparentes das libélulas são notavelmente semelhantes aos propostos para as aves canoras, e podem representar uma estratégia de migração geral, para a migração de longa distância de organismos com velocidades elevadas de vôo auto-propulsionado.

Os insectos ganharam os ares muito provavelmente há mais de 400 milhões de anos, muito antes das aves. Confrontados com um problema semelhante, as aves e os insectos migradores evoluiram de forma independente para uma solução muito parecida. Há, no entanto, uma diferença entre aves e libélulas migradoras. Os insectos que regressam na Primavera seguinte não são os que partiram no Outono, mas sim uma nova geração.

Termino com uma imagem de um dos migradores do estudo, prestes a fazer-se ao caminho, com o seu sistema de monitorização.

Referências
(ref1) Martin Wikelski, David Moskowitz, James S. Adelman, Jim Cochran, David S. Wilcove, & Michael L. May (2006). Simple rules guide dragonfly migration. Biology Letters 2:325-329. doi:10.1098/rsbl.2006.0487.

1 comentários:

Osc@r Luiz disse...

Não me importa o seu idioma, ou onde você está. O meu desejo é o mesmo:

Alemanha: Fröhliche Weihnachten

Bélgica: Zalige Kertfeest

Brasil: Feliz Natal

Bulgária: Tchestito Rojdestvo Hristovo, Tchestita Koleda

Catalão: Bon Nadal

China: Sheng Tan Kuai Loh (mandarín) Gun Tso Sun Tan'Gung Haw Sun (cantonés)

Coréia: Sung Tan Chuk Ha

Croácia: Sretan Bozic

Dinamarca: Glaedelig Jul

Eslovênia: Srecen Bozic

Hispanoamérica: Felices Pascuas, Feliz Navidad

Estados Unidos da América: Merry Christmas

Hebraico: Mo'adim Lesimkha

Inglaterra: Happy Christmas

Finlândia: Hauskaa Joulua

França: Joyeux Noel

País de Gales: Nadolig Llawen

Galego (na Galicia): Bo Nada

Grécia: Eftihismena Christougenna

Irlanda: Nodlig mhaith chugnat

Itália: Buon Natale

Nova Zelândia em Maorí: Meri Kirihimete

México: Feliz Navidad

Holanda: Hartelijke Kerstroeten

Noruega: Gledelig Jul

Polônia: Boze Narodzenie

Portugal: Boas Festas

Romênia: Sarbatori vesele

Rússia: Hristos Razdajetsja

Sérvia: Hristos se rodi

Suécia: God Jul

Tailândia: Sawadee Pee mai

Turquia: Noeliniz Ve Yeni Yiliniz Kutlu Olsun

Ucrânia: Srozhdestvom Kristovym

Vietnã: Chung Mung Giang Sinh

São os votos do "By Oscar Luiz", do "Flainando na Web" e do "Gente Sem Saúde".

E que 2008 seja o ano das suas realizações!
Um grande abraço!