Esta é uma imagem, obtida a 5 de Março de 2005, de uma região da ilha de Java, na Indonésia que inclui uma localidade chamada Sidoarjo. Em cima mostra-se uma panorâmica maior, em baixo uma ampliação por um factor de 4 da região dentro da caixa de contornos brancos. Trata-se de uma visão no infravermelho obtida pelo Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) no satélite Terra da NASA. As cores são "falsas", isto é geradas artificialmente por computador e reflectem o tipo de terreno. Terreno despido de vegetação aparece com cor cinza, a água aparece a azul escuro, e a vegetação a vermelho. Quanto mais luxuriante a vegetação mais brilhante é o vermelho. A região que nos interessa fica imediatamente abaixo do rectângulo cinzento na parte de cima da imagem de baixo, à esquerda. Ora eu já falei aqui de Sidoarjo, que ficou tristemente célebre no dia 29 de Maio de 2006 quando a terra desatou a cuspir lama fervente. [... ler mais]Esta é uma imagem, obtida a 5 de Março de 2005, de uma região da ilha de Java, na Indonésia que inclui uma localidade chamada Sidoarjo. Em cima mostra-se uma panorâmica maior, em baixo uma ampliação por um factor de 4 da região dentro da caixa de contornos brancos. Trata-se de uma visão no infravermelho obtida pelo Advanced Spaceborne Thermal Emission and Reflection Radiometer (ASTER) no satélite Terra da NASA. As cores são "falsas", isto é geradas artificialmente por computador e reflectem o tipo de terreno. Terreno despido de vegetação aparece com cor cinza, a água aparece a azul escuro, e a vegetação a vermelho. Quanto mais luxuriante a vegetação mais brilhante é o vermelho. A região que nos interessa fica imediatamente abaixo do rectângulo cinzento na parte de cima da imagem de baixo, à esquerda. Ora eu já falei aqui de Sidoarjo, que ficou tristemente célebre no dia 29 de Maio de 2006 quando a terra desatou a cuspir lama fervente.
Como referi numa contribuição anterior, alguns geológos admitem que a culpa do fenómeno pode repousar em perfurações em busca de petróleo e gás natural que estavam a ser efectuadas na região. A companhia petrolífera por seu lado sugere que a culpa seria de um terramoto que ocorreu a 27 de Maio de 2006, com epicentro numa região próxima de Sidoarjo. De quem quer que seja a culpa, a lama tem vindo a alastrar-se lenta mas inexoravelmente. Esta é a situação vista pelo ASTER a 3 de Setembro de 2006, três após o início do fenómeno.
A linha que cruza o rio, de cor bastante escura, é uma auto-estrada e dá um pouco uma ideia da escala, e é importante como referência para a próxima imagem. Essa auto-estrada cruza o mar de lama, nesta altura com um diâmetro da ordem dos três quilómetros, logo acima do rio. Notem os contornos bem definidos da zona de lama, que correspondem a diques improvisados para deter a progressão do material despejado pelo vulcão lamacento. A coisa não tem parado, tal como se vê nesta imagem obtida a 10 de Fevereiro de 2007.
Apesar das nuvens, e tendo como referência a auto-estrada, é fácil perceber como a região coberta de lama cresceu consideravelmente em poucos meses. A lama está neste momento a preocupar os donos das criações de camarão que estão logo ali ao lado, junto ao mar. O governo indonésio decidiu por isso largar na boca do vulcão cadeias formadas por quatro bolas de cimento unidas por correntes de ferro de um metro e meio de comprimento. Cada uma dessas bolas pesa cerca 250 quilos, e os indonésios têm vindo a largá-las na cratera desde o mês passado, e vão continuar até largarem cerca de mil e quinhentas. Pode parecer uma ideia um bocado rebuscada mas de acordo com um comunicado de imprensa da BBC já conseguiram interromper o fluxo de lama durante um curto período de tempo. Quão curto exactamente? Bem, cerca de meia hora. Não é muito mas pode ser um sinal de esperança para os habitantes dessa área.
Ficha técnica
As imagens são cortesia da NASA/GSFC/MITI/ERSDAC/JAROS, e da equipa científica do ASTER. Essas imagens e a inspiração para o texto foram obtidas via Earth Observatory da NASA.
sexta-feira, março 23, 2007
Lama, lama e ainda mais lama
Por CDG laço permanente
Etiquetas: Geologia
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