As ciências da Terra também são fonte de imagens espectaculares, que não devem nada à astronomia e à biologia. Um dos locais onde se podem encontrar algumas paisagens estranhas é no parque de Yellowstone nos Estados Unidos. Os quase 9,000 km quadrados de florestas e quedas de água escondem um supervulcão, que espera apenas o instante adequado para lançar de novo a sua fúria destruidora. [... ler mais]
Enquanto isso não acontece, podemos maravilhar-nos com a beleza de paisagens como a Grande Fonte Prismática mostrada acima, ou a Piscina da Glória Matinal que se pode ver abaixo.
Nos últimos 2.2 milhões de anos o vulcão teve três erupções significativas, a última das quais há 640,000 anos. Para termos uma ideia da razão pela qual o termo supervulcão é tão adequado, basta notar que a caldeira resultante cobre 30 por 70 km, com cerca de 1 km de profundidade. Nessa erupção o vulcão lançou cerca de 1,000 km cúbicos de material na atmosfera, cerca de 800 vezes mais do que o vulcão do Monte de Santa Helena lançou em 1980. A escala é realmente gigantesca e os efeitos de algo do género hoje em dia seriam devastadores, cerca de metade dos Estados Unidos seriam cobertos por uma camada de cinza de mais de um metro de altura. Em 2004 o parque foi abalado por uma série de tremores de terra que despertaram a atenção do público (e dos meios de comunicação, claro) e que levaram à vulgarização do termo supervulcão. Embora para já uma erupção não esteja iminente, os cientistas têm estudado em detalhe os movimentos do terreno na vizinhança da caldeira.
Num artigo publicado na Nature (ref1), Charles W. Wicks e colegas descobriram um padrão pouco habitual nos movimentos de elevação/subsidência dos terrenos em Yellowstone, um tipo de deformação nunca antes observado e que tem implicações importantes para a nossa compreensão dos mecanismos por trás das grandes caldeiras activas. Não vou entrar em detalhes, talvez os especialistas no GeoPedrados venham a discutir este trabalho em mais pormenor. Parte dos terrenos tem subido (pouco mais de 10cm nos últimos 10 anos) enquanto outra parte tem-se afundado ligeiramente, e isso deve-se provavelmente a um aumento do fluxo de magma uns quantos km abaixo da superfície. Esta modificação no comportamento do terreno tem sido acompanhada por um acréscimo de actividade dos Geysers. No entanto não há para já motivos para alarme, este pode ser um comportamento recorrente que só agora foi descoberto porque só agora se possuem os meios (nomeadamente satélites) para isso.
O artigo científico foi no fundo uma desculpa para mostrar algumas imagens bonitas fugindo aos temas habituais da criatura e/ou imagem astronómica do dia. Sendo assim, aqui vai mais uma, a Gruta dos Geysers.
E para terminar, o Geyser da Clepsidra:
Referências
(ref1) Charles W. Wicks, Wayne Thatcher, Daniel Dzurisin and Jerry Svarc (2006). Uplift, thermal unrest and magma intrusion at Yellowstone caldera. Charles W. Wicks, Wayne Thatcher, Daniel Dzurisin and Jerry Svarc. Nature 440, 72-75. Laço DOI.
quinta-feira, março 02, 2006
Gigante adormecido, ou apenas sonolento?
Por CDG laço permanente
Etiquetas: Geologia
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