quarta-feira, março 08, 2006

Escondida no deserto

Tal como se discutiu aqui recentemente, não há motivos para entrar em histerias a propósito de impactos de asteróides, pelos menos nas próximas décadas. Existem contudo muitas cicatrizes de impactos passados, espalhadas um pouco por toda a Terra, e de vez em quando novas crateras são descobertas. Na secção de notícias da Science refere-se exactamente a suposta descoberta da maior cratera do Saara, no Egipto, numa região chamada Gilf Kebir. O "suposta" não se deve a nenhum juízo de valor da minha parte, é apenas para salientar o facto de ainda não haver uma descrição deste relevo terreste numa revista científica.
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Pessoalmente penso que a cratera se vê melhor nos googlemaps que na imagem acima. Devido aos direitos não mostro os mapas aqui, mas quem quiser ver basta seguir este laço.

O pequeno excerto na Science adianta, no entanto, alguns detalhes. Assim, em 1932, cientistas tinham descoberto fragmentos de uma substância vítrea, designada por vidro do deserto líbio, translúcida e de cor amarelo-esverdeada. Pela composição do material sabia-se que era de origem extraterrestre mas ignorava-se de onde provinha. Com a descoberta desta cratera Farouk El-Baz, da Universidade de Boston, pensa ter resolvido esse mistério. A cratera tem cerca de 30 km de diâmetro, e encontra-se bastante erodida, sendo mesmo cortada pelos leitos de dois rios hoje em dia secos.

A cratera, a que El-Baz chamou Kebira, é também descrita nas páginas da Planetary Society, e nas páginas da Universidade de Boston. De acordo com essas fontes, a cratera tem bordas duplas, algo que é por vezes visto em crateras lunares, e terá sido feita por um meteorito com um pouco mais de 1 km, há menos de 100 milhões de anos. Aliás, foi nas páginas da Universidade de Boston que eu descobri por que razão o nome de Farouk El-Baz me parecia tão familiar. Trata-se de um cientista envolvido com o programa Apollo, em particular com a escolha dos locais de alunagem. Segundo o relato na Planetary Society, a região alberga outras crateras, como a que se mostra abaixo, com um diâmetro de "apenas" 950 metros.


Referências
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Random Samples (2006). Science Vol. 311. no. 5765, p. 1223. Laço DOI.

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