Esta é uma ilustração do golfinho fluvial chinês, conhecido localmente por baiji, de seu nome científico Lipotes vexillifer, um parente próximo do boto-vermelho do Amazonas. Alcunhado de "Deusa do Yangtzé", essa designação tem a ver com o facto de existir apenas nesse rio. Descobri hoje que o mais correcto na frase anterior teria sido dizer "que existia", porque muito provavelmente o baiji terá desaparecido da face da Terra nos últimos dois anos. [... ler mais]
A Fundação baiji.org anunciou hoje, dia 13 de Dezembro de 2006, nas suas páginas na internet a triste notícia. Esta é a conclusão de um levantamento exaustivo do Yantzé onde participaram mais de 30 investigadores de seis países. Não foram vistos animais nem foram escutadas vocalizações. Em 1950 existiriam cerca de 6,000 destes golfinhos. Em 1980 não restariam mais de 400 animais. Um censo em 1997 produziu apenas 13 avistamentos confirmados. Em 2006, veio então o momento temido, mas não inesperado. De acordo com um dos organizadores da expedição, August Pfluger, que dirige a Fundação baiji.org:É possível que nos tenham escapado um ou dois animais. Temos que aceitar o facto de que o baiji esteja funcionalmente extinto. É uma tragédia, uma perda não apenas para a China, mas para o mundo inteiro.
Ainda August Pfluger, numa nota mais emotiva, quando se referiu a um vídeo que observou de Qi Qi, um macho salvo em 1980 e que morreu no cativeiro em 2002:Considero-me um homem forte. Mas quando vi o filme chorei durante alguns minutos. É algo tão terrivelmente triste.
Adeus lindo golfinho.
Ficha técnica
Ilustração do baiji cortesia de Alessio Marrucci, desta página da Wikimedia Commons.
Uma das citações de August Pfluger, e alguma da informação referida neste texto, foram retiradas de um comunicado na Fundação baiji.org.
A outra citação foi retirada deste texto na National Geographic, onde se pode ver uma foto de Qi Qi.
quarta-feira, dezembro 13, 2006
Requiem por um golfinho
Por CDG laço permanente
Etiquetas: Biologia
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1 comentários:
Não deixa de ser uma contradição curiosa. As milenares culturas orientais, que tanto contribuem para a filosofia, são miseravelmente omissas no quesito "preservação do meio ambiente".
Enfim, mais uma espécie que desaparece deste planeta... Triste... Muito triste.
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