Tenho uma série de contribuições prometidas, mas não podia deixar passar o espírito da quadra. O Natal é uma época em que se contam histórias edificantes, com exemplos de amor e abnegação, e sobretudo com finais felizes. Sendo assim nada melhor que uma série de contribuições dedicadas ao amor materno. A heroína na série de contribuições que vou iniciar hoje, e que se vão prolongar por alguns dias, é a pequena mosca da figura, a Ormia ochracea. Trata-se de uma fêmea, que no seu interior transporta uma série de amorosas larvas, suas filhas. Com qualquer mãe que se preze esta mosca quer apenas o melhor para as suas filhas: um local seguro, onde não lhes falte nada e possam crescer gordas e saudáveis, até se transformarem em lindas pupas. Para isso precisa da "ajuda" de um grilo. É que a O. ochracea é uma mosca parasítica e o grilo está destinado a ser o hospedeiro da sua família. [... ler mais]
Para começar nada melhor que mostrar alguma imagens dos bebés que só pedem que os deixem crescer. Que mãe mosca conseguiria resistir a estas carinhas?
Uma vez encontrado um grilo à mão de semear as larvas não se fazem rogadas e tratam de se meter lá dentro. Têm direito a pensão completa: o grilo vai "fornecer" cama e comida durante uns poucos dias.
Pode parecer uma habitação pequena mas tem muita arrumação e a comida não parece ser má. Há de que ficar embevecido quando se vê o aspecto rechonchudo e feliz destas pequenitas. Vejam mais de perto e digam lá se os insectos não conseguem ser amorosos?
Infelizmente os dias da infância, e sobretudo os tecidos do grilo, não duram para sempre. Foi bom enquanto durou, mas após menos de uma semana é preciso largar o lar e abraçar o mundo.
À saída segue-se a fase de pupa, a preparação para a vida de adulta. Essa transição marca o final deste primeiro conto, com vários finais felizes como se pode ver pelas três pupas na imagem da direita, e pela larvazita que se apresta a juntar-se às irmãs.
Esta foi uma história bonita, de uma mãe que conseguiu um tecto e alimento para as suas esfomeadas crias. Mas o espírito da época não se esgota aqui. Para conseguir encontrar este lar tão acolhedor a mãe mosca usa uma capacidade extraordinária, que pode vir a ajudar muitos seres humanos. Não percam amanhã mais um conto natalício com a Ormia ochracea, em que tudo se revela uma questão de ouvido.
Ficha técnica
Imagem da Ormia ochracea juntamente com o grilo cortesia de Ronald Hoy na Universidade de Cornell retirada das páginas de Andrew Mason na Universidade de Toronto. Foi nessas páginas que encontrei também um filme, cortesia de Andrew Mason, do qual retirei as restantes imagens.
quarta-feira, dezembro 20, 2006
A mãe dedicada, as larvas e o grilo que salvou o Natal
Por CDG laço permanente
Etiquetas: Biologia
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3 comentários:
O mundo animal se revela um tanto quanto nojento e baixo, as vezes.
Não me parece um bom natal para o grilo!
Esta foi deliciosamente perversa, ó CdG... :)
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