Esta criatura de focinho comprido é um macroscelídeo das montanhas da Tanzânia, um grupo de animais conhecidos localmente por senguis. São criaturas que se alimentam de insectos, e cujas afinidades filogenéticas permaneceram enigmáticas durante muito tempo. Supôs-se inicialmente que seria parentes próximos dos musaranhos, daí serem conhecidos por musaranhos-elefante. Filogenias modernas colocam-nos, no entanto, num grupo de animais chamados de Afrotheria, que inclui também os elefantes, os hiraxes, os sirénios, e o porco-formigueiro. Até há pouco tempo apenas se conheciam 15 espécies de senguis, cujo peso variava entre 30 e 500 gramas, número que aumentou este mês. O animal da imagem pertence a uma espécie nova, Rhynchocyon udzungwensis, e é um verdadeiro gigante, com um peso por volta dos 700 gramas. Foi pela primeira vez visto em 2005, em imagens tiradas por câmaras-armadilhas, e em Março de 2006 foram capturados os primeiros exemplares. [...ler mais]
O sengui gigante é descrito num artigo de na revista Journal of Zoology (ref1). Numa tradução livre do resumo:Descreve-se uma nova espécie de sengui ou musaranho-elefante. Foi descoberto nas montanhas Udzungwa na Tanzânia em 2005. Os senguis (ordem Macroscelidea, super-coorte Afrotheria) incluem quatros género e 15 espécies de mamífero que são endémicos da África. Esta descoberta é uma contribuição significativa para a sistemática desta pequena ordem. Com base em 49 imagens de uma câmara, 40 avistamentos, e cinco exemplares capturados, o novo sengui é diurno e distingue-se das outras três espécies de Rhynchocyon por possuir uma face pardo-acinzentada, peito e queixo de cor amarelo pálido ou creme, flancos laranja-avermelhados, dorso cor de vinho, e coxas e partes traseiras negras. O peso corporal da nova espécie é de cerca de 700 gramas, que é 25–50% maior que qualquer outro sengui gigante. O novo Rhynchocyon é conhecido apenas de duas populações que cobrem cerca de 300 km² de floresta de montanha. Tem uma densidade estimada em 50-80 indivíduos por km².
O destaque a negrito implica que existirão apenas uns poucos milhares destes animais. O processo que levou ao reconhecimento formal da espécie eliminou uns quantos. Tal como se descreve no interior do artigo:Os animais capturados foram fotografados, medidos, pesados, eutanizados se vivos, e preparados como peles e crânios de estudo-padrão de museu.
Esperemos que num futuro mais ou menos próximo estas pelas não sejam tudo o que resta destes "gigantes".
Ficha técnica
(ref1) F. Rovero, G. B. Rathbun, A. Perkin, T. Jones, D. O. Ribble, C. Leonard, R. R. Mwakisoma, N. Doggart (2008). A new species of giant sengi or elephant-shrew (genus Rhynchocyon) highlights the exceptional biodiversity of the Udzungwa Mountains of Tanzania. Journal of Zoology 274 (2), 126-133. doi: 10.1111/j.1469-7998.2007.00363.x.
segunda-feira, fevereiro 04, 2008
O musaranho-elefante gigante
Por CDG laço permanente
Etiquetas: Biologia
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