Embora eu considere que uma criatura não precisa de ser bela para se poder considerar fascinante, que qualificativos utilizar quando se encontra uma criatura que parece saída de um pesadelo, como este Oxygyrus keraudreni? Esta, digamos não muito bela, criatura, pertence a um grupo de caracóis marinhos minúsculos (menos de 1cm) que fazem parte do zooplâncton. [... ler mais]
A imagem foi retirada do Censo da Vida Marinha, de que falei aqui ontem. Trata-se de um membro de um grupo de animais chamados heterópodes, também designados por elefantes do mar, devido à espécie de tromba que apresentam. Como se pode adivinhar pelo título desta contribuição, são predadores, gostando em particular das borboletas do mar, de que falei aqui ontem. Estas criaturas apresentam algumas diferenças relativamente a esses caracóis alados, os pterópodes. A concha que apresentam é transparente e em muitos casos formada por uma espécie de cartilagem (conchiolina) e não por aragonite como nas borboletas do mar. Por outro lado o pé não deu lugar a asas mas a uma espécie de remo, cujo abanar impele o animal através da água.
Este grande plano de outra espécie destas criaturas, a Atlanta peroni, mostra alguns detalhes dos elefantes do mar. Os olhos são utilizados pelo animal para detectar as suas presas, embora a forma como formam as imagens seja curiosa. Veêm apenas uma tira de cada vez e têm que executar uma série de varrimentos com os olhos para construirem a imagem. Depois de detectarem a sua infeliz presa, que pode ser uma borboleta do mar, utilizam a ventosa e os tentáculos para se fixarem a ela e a manobrarem. A criatura é comida através da "tromba", ou usando uma terminologia mais adequada, a probóscide. Eis em baixo duas fotos de corpo inteiro destes animais. Note-se que os elefantes do mar nadam "às avessas", isto é, com a concha para baixo e o pé-barbatana para cima.
No mundo destas minúsculas criaturas, onde elefantes e anjos gostam de perseguir e devorar borboletas, há muitos outros animais fascinantes e estranhos. Na verdade o censo da vida marinha é tão interessante que provavelmente vou passar o resto da semana a falar nele.
Há alguns locais na internet dedicados a estes animais. Um deles mostra o aspecto da "boca", a rádula, na extremidade da probóscide, que é arrepiante, tal como se pode ver na figura 3 nesta página.
quinta-feira, maio 11, 2006
No mar os elefantes gostam de caçar borboletas
Por CDG laço permanente
Etiquetas: Biologia
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